Há alguns anos faço parte da comissão julgadora do Concurso Literário “Vida Iluminada”, promovido pela Associação Unimed Mulher. É um concurso para pessoas com deficiência visual, com cegueira ou baixa visão. A cada ano os textos surpreendem pela forma de ver a vida. E a escolha do verbo “ver” é fundamental aqui, pois aqueles que por algum motivo não conseguem ver falam muito de como veem a vida e das cores que ela tem. É emocionante ler os textos e reconhecer as vozes que esperavam para ser evocadas, sejam lembranças vividas ou um futuro desejado. É emocionante ecoarem vozes a partir do contato com o texto literário e reconhecer que a literatura toca o sensível e o humano em cada um de nós. Linhas que se somam à nossa malha da vida, linhas que se rompem por diferentes motivos, mas que constroem como e quem somos. A moça tecelã traz em si a voz de tantas histórias da tessitura da vida, de mulheres que teceram para construir quem eram, para aguardar amores. Além da tessitura
Quanto tempo longe da palavra escrita! Com tantas coisas para dizer, mas longe da página em branco há mais de um ano. Meu último texto falava sobre mudanças. E quantas ocorreram neste último ano! Uma delas foi o fim de um relacionamento de 10 anos. Demora para aquilo que a gente sente se transformar em ação. E demora mais um pouco para virem as palavras que nos ajudam a elaborar o fim e abrir caminho para o novo. Mudanças que estiveram acompanhadas do medo. Hoje quero retomar esse blog tratando desse sentimento que nos domina, nos aprisiona e mais do que tudo nos paralisa. Sabemos que o medo tem uma função biológica fundamental: nossa preservação, mas ele também nos afasta dos nossos desejos mais bem guardados. E quero falar de desejos: quantos desejos castrados, trocados ou mesmo latentes. Alguns estão aí por medo, ou como preferem alguns, por falta de coragem. Recentemente estava lendo "Medo Líquido" de Zygmunt Bauman, lá ele falava sobre o nosso medo da i